Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Desabafos,,

Da vida não quero muito. Quero apenas saber que tentei tudo o que quis, tive tudo o que pude, amei tudo o que valia a pena e perdi apenas o que, no fundo, nunca foi meu.

Desabafos,,

Da vida não quero muito. Quero apenas saber que tentei tudo o que quis, tive tudo o que pude, amei tudo o que valia a pena e perdi apenas o que, no fundo, nunca foi meu.

Lembrança(s)

M. Martins, 25.01.22

E497E3AD-19C9-40ED-92E0-CCA1E078804E.jpeg

 

 

 

 



Lembrança(s)

Não me leves a lembrança.
Deixa-me só no meu peito,

frágil cerejeira branca
no martírio de janeiro.

Só me separa dos mortos
um muro de pesadelos.

Dou mágoas de lírio fresco
a um coração de gesso.

Meus olhos, como dois cães,
a noite toda no horto.

A noite inteira, correndo
por uns frutos de veneno.

Algumas vezes o vento
é uma tulipa de medo,

é uma tulipa doente,
a madrugada de inverno.

Um muro de pesadelos
me separa dos defuntos.

A relva cobre em silêncio
teu corpo, vale cinzento.

No arco do nosso encontro
a cicuta cresce agora.

Deixa-me a tua lembrança,
deixa-ma só no meu peito.

Frederico García Lorca
(na tradução de Eugénio de Andrade)

1 comentário

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.