Quero dormir na água das palavras
que amam o silêncio
e a lentidão da luz
que é o fulgor de uma evidência indecifrável
Quero ser a concha do ingénuo sossego
de uma flor branca
como o monótono murmúrio
de uma respiração solar
Quero ser o ouvido de veludo
de um insecto azul
e quero beber a linfa do olvido
numa boca de argila
para sentir a monotonia ardente
da garganta da terra
António Ramos Rosa