DA MINHA JANELA
DA MINHA JANELA
Aqui, da minha janela...
Vejo tudo o que quiser:
Vejo cardos , vejo rosas
Oliveiras e rochedos,
As nebulosas no céu,
O luar da lua cheia,
Os telhados de Estremoz
Mais o sol que me encandeia.
Aqui ,da minha janela,
Sinto a brisa da manhã,
O cheiro da hortelã,
A inquietação das gentes...
Sons e matizes diferentes,
Formas de encarar a vida,
Medos, receios e dor,
Ventos frios e tremor...
Aqui
Da minha
Janela!
Aqui ,da minha janela,
Vejo tudo o que quiser...
Vejo o Arco do Triunfo
Mais a bomba de Iroshima,
Vejo Picasso e Guernica
Leonardo e Gioconda...
Almas déspotas a pairar...
As consciências pesadas
E um mundo...por realizar!
Aqui ,da minha janela,
Vejo tudo o que quiser...
Gozo o silêncio da noite
E o reboliço do dia!
Ouço os risos das crianças,
Os cachorros a latir,
Os sinos a repicar,
O suão a rodopiar,
A folha breve ... a cair!
E mais do que a vista alcança
E mais do que a alma dita
A paz , a calma, a bonança
Ou a mágoa da desdita
Que eu deixo que os olhos vejam
Toda a beleza infinita
Que vai para lá do sonho
Deste sonho que me habita
Sim...
Porque
Aqui da minha janela
Também sinto a poesia:
Paleativo, cor , magia...
Que me enche o coração!
Sim...
Não há nada que eu não veja
Quando me acerco dela:
Vejo a Terra ,
Vejo o mundo ,
O mar de água salgada...
Vejo tudo
Tudo
Tudo
Mesmo quando...está fechada!
(Manuel Prates)